A justiça argentina ratificou o indiciamento de um ex-gerente da Mercedes Benz por sua suposta responsabilidade no desaparecimento de dois trabalhadores da fábrica de automóveis durante a última ditadura civil-militar.
O mais alto tribunal criminal do país rejeitou um recurso da defesa do ex-diretor de produção da empresa, Juan Tasselkraut, e confirmou a possível responsabilidade dos gerentes no desaparecimento dos trabalhadores da empresa automobilística.
O juiz Alejandro Slokar, que liderou a decisão do tribunal, observou que a perseguição sindical e a eliminação dos direitos trabalhistas buscaram "dinamitar" o processo de industrialização nacional com "consequências persistentes que continuam até hoje".
O caso da Mercedes Benz foi levado ao conhecimento da CONADEP (sigla da ...) e foi amplamente tratado durante o "Julgamento das Juntas" militares em 1985.
Nessas audiências, foram ouvidos os depoimentos de Héctor Aníbal Ratto e Juan José Ratto, entre muitos outros, que apontaram que os executivos da empresa forneceram informações e facilitaram detenções ilegais, muitas das quais ocorreram dentro da fábrica, na presença de alguns deles.
Posteriormente, os arquivos de inteligência da polícia revelaram como os gerentes da empresa forneceram informações importantes sobre os trabalhadores às forças repressivas e que as vítimas não foram escolhidas aleatoriamente: eram todos ativistas sindicais, lembraram fontes do caso.
Dos 18 trabalhadores da Mercedes Benz sequestrados durante a última ditadura, apenas 3 reapareceram; seus depoimentos foram decisivos na reconstrução do caso.
A participação da empresa na repressão é creditada em inúmeros depoimentos e relatórios.