O cartunista e humorista argentino Quino, que morreu quarta-feira aos 88 anos, será universalmente lembrado como o criador de Mafalda, a menina de classe média, intelectualizada e rebelde que há 56 anos começou a se enredar na memória social e política da Argentina através de uma mítica história em quadrinhos que apareceu na revista Primera Plana. Uma tirinha cômica que ainda hoje mantém sua validade, questionando totalitarismos e mandatos familiares, sexistas e geracionais.
Quem é Mafalda? Quino explicou mil vezes que ela é "uma pessoa que questiona o mundo e os males que não são corrigidos. Ela faz as perguntas que eu ainda me faço agora como adulto, eu queria dizer através dela o que eu via como errado e tinha que ser corrigido. Eu não falo muito, por isso escolhi o desenho para me expressar".
Joaquín Salvador Lavado Tejón, seu nome completo, nasceu na província de Mendoza, no oeste da Argentina, em 17 de julho de 1932.
Desde seu nascimento, foi nomeado Quino para distingui-lo de seu tio Joaquín Tejón, um pintor e designer gráfico muito conceituado, com quem, aos três anos de idade, descobriu sua vocação. A tirinha que o imortalizou delineia as tribulações de uma menina que mistura um mapa de afinidades e rejeições de acordo com sua idade - o ódio à sopa, o amor aos Beatles - com um cardápio de temas associados ao mundo adulto, onde suas opiniões sobre paz, direitos humanos e democracia acontecem.