Recordamos hoje Luis Cardei, um intérprete de tango que, sem dúvida, foi um cantor muito singular. Foi um sobrevivente, um homem que transformou a dor em arte e a dificuldade em estilo.
Nascido no bairro portenho de Villa Urquiza, Luis Cardei sofreu, desde a infância, de uma grave doença que o impediu de caminhar normalmente. Passou boa parte da vida entre hospitais, cirurgias e limitações físicas, mas nada disso o impediu de cantar. Mais que isso: talvez tudo isso tenha feito dele um cantor único, um fenômeno que poderíamos identificar como uma espécie de anti-herói.
Cardei não teve uma carreira convencional. Durante anos cantou em clubes de bairro, bares e encontros entre amigos, até que, já nos anos noventa do século 20, seu talento encontrou o reconhecimento merecido. Admirado e querido por muitos, no total gravou dois CDs e, no final dos anos 90, tornou-se o cantor mais bem-sucedido de Buenos Aires. Foi uma ascensão meteórica e um reconhecimento, infelizmente, breve, pois faleceu pouco depois.
Sua voz era imperfeita, mas profundamente emotiva; dizia os tangos como se fossem confissões, com um fraseado muito pessoal, sofrido, sincero. Cardei não imitava ninguém: vivia cada letra como se fosse sua.
Falecido aos 55 anos, no ano 2000, Luis Cardei nasceu em 3 de julho de 1945.
Aproveitamos a ocasião para ouvi-lo naquele que é considerado um de seus grandes sucessos: o tango "Los cosos de al lao".
